quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Dia 14 - Das pessoas que se vão.

Existe uma cena em De Volta Para O Futuro I que eu acho sensacional: Marty McFly vai para o ano de 1955, e lá acaba intervindo no rumo natural das coisas e a realidade vai sendo alterada, com isso uma fotografia da familia dele, tirada em 1985, vai se apagando, isto é, as pessoas da familia vão desaparecendo como se não fossem mais existir no futuro.

Embora não existam máquinas do tempo, eu acredito que esse fenômeno ocorre...as pessoas somem da foto, somem das lembranças, somem da sua vida.

Não sei se é uma caracterísitca muito pessoal minha, mas eu tenho isso comigo: quem passou passou, e se não cativou, some mesmo, sem dó nem piedade.

Claro que existem pessoas que por mais que o tempo tenha passado, essas ficam guardadinhas no coração. Mas outras, tanto fizeram no passado, que desapareceram da foto que carrego no presente.

Podia citar muitos exemplos, mas o que eu tenho para citar é uma amiga de infância. Ela era a minha melhor amiga, éramos uma dessas duplas inseparáveis, e vivemos bem dos 5 aos 17 anos. Só que um dia, um dia em que a vida te tira o tapete e você se estatela no chão, ela, a minha amiga, me virou a cara, deu as costas, se afastou...simples assim. Chutou o cachorro morto na boa.
E não pensem que o afastamento foi uma decisão minha, eu continuei lá a espera de um pedido de desculpas, de uma reaproximação, de algum interesse...nem precisava se desculpar...aos 17 anos todas as justificativas repousam na nossa imaturidade (por mais que não seja verdade).
Mas ela nunca mais quis se aproximar de mim, os anos se passaram e ela mudou de cidade, sumiu do mapa, sem nenhum bilhetinho, sem nada. Fiquei sabendo pelas amigas em comum.
Durante anos e anos e anos fiquei me perguntando por onde ela andava. Ninguem sabia.

Até que um dia, eu também sai daquela cidade, mudei os ares, cresci, me formei, conheci novas pessoas, novos amigos...Aquele ciclo natural da vida. E ela sumiu da foto.

Ano passado, no dia do meu aniversário, ela me encontrou no Orkut, deixou scrap, fez aquela festa. Tocou no assunto, deu zilhões de desculpas, me convidou para ir até onde ela morava, fez planos etc. Eu fiquei emocionada com o reencontro (virtual), mas não me empolguei, sabia que entre nós duas havia se contruído um muro intransponível, a distancia tinha se estabelecido.
Raiva não existe em relação a ela no meu coração...mas também não existe qualquer outro sentimento. Apenas um vazio,uma indiferença.

Então, depois desse contato, ela sumiu novamente. E a vida continuou linda e bela.

Até que hoje recebi um e-mail dela me desejando Feliz Ano Novo (15 dias depois do ano novo), me enviou fotos, pediu fotos minhas, me contou dos planos, mas ainda assim foi protocolar.

Foi muito estranho receber esse e-mail. Um e-mail de uma pessoa com a qual já não tenho nenhuma intimidade, nem carinho, nem consideração...

Ela foi apagada da minha foto e isso aconteceu de forma tão natural que eu nem consigo me lembrar quando aconteceu.

O e-mail tá lá, vai ficar perdido no meio das centenas de milhares de e-mails.

A amizade se perdeu no tempo. E como dizia Guilherme Arantes, pra que ficar juntando os pedacinhos do amor que se acabou, nada vai colar.

Ser amigo é muito mais que mandar um email por ano com as fotografias.
Pra ser amigo é preciso estar perto...não fisicamente perto, mas perto com o coração.

Hoje na foto ela não aparece mais.

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