quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Emoção define.

Agora sou uma música do Frejat...
Tenho aqueles minutos de divagação antes de dormir
Imagino diálogos
Mas o coração não bate acelerado, as pernas não ficam bambas, não há nenhum animal da ordem lepidoptera voando no meu aparelho digestivo. Nada disso.
Não me tira o sono, nem a fome, não me faz querer cantar de braços abertos a plenos pulmões no alto das montanhas mais verdes.
Mas é inegável a empatia, diria, o magnetismo que exerce sobre mim. Eu disfarço mas por detrás dos meus óculos escuros é para ele que eu olho. Eu finjo estar vendo TV, mas por detrás dela, através da parede de vidro, são os passos dele que eu acompanho, os movimentos, o sorriso...
Eu corro e quando ele me olha eu finjo estar concentrada no esforço físico.
Eu uso fones, mas o volume está baixo porque é a voz dele que quero ouvir em outras conversas, com outras pessoas.
Não estou escrevendo o nome dele na minha agenda rodeado de corações. Não estou tocando no nome dele em qualquer assunto banal que apareça no meu dia. Não penso nele nem durante 24 horas do meu dia. Mas confesso que durante umas 6 horas ele vem sem ser convidado.
Não é alto, embora seja másculo.
Não é velho embora seja tão sério e fechado quanto um.
Não sei do que gosta, da onde vem, para onde vai...
Não me pergunte a cor dos olhos porque não faço muita idéia de que tom eles são, mas sei a cor dos sapatos.
Não sei o número do celular dele, mas tenho o sorriso gravado na minha memória e esse é perfeito e capaz de desarmar qualquer membro feminino da guarda real inglesa.
Eu sei lá o que é, e só sei desta vez o que atraiu foi o que mais repele as pessoas: uma disposição genética que o torna predisposto.  Disposição que torna predisposto. É assim que ouço há anos, então só fiz repeti aqui.
Sim, um defeito genético tal qual o meu que causa praticamente a mesma doença auto-imune, um sofrimento parecido que intimida, que nos faz ser timidos. Tatoos da nossa emoção, prova de nossos sentimentos mais infames, estampa do estress. Sem cura.
A primeira vez que eu o vi, estendi minha mão machucada para um cumprimento e fui recepcionada por outra mão machucada, manchada, marcada...Com certeza a primeira vez que alguem (que não seja o médico) aperta a minha mão consciente de que aquele machucado todo não foi resultado de uma queda no asfalto.
Ele esconde, eu escondo.
Tem gente que diz que não dá para notar, que só eu posso ver minhas próprias feridas, que não é nada não e pipipipópópó..mas eu sei que só ele sabe o que é na verdade ser assim, expor uma canela inflamada, um cotovelo ferido, mãos marcadas pela pele arrancada. Recorrer a mil e um cremes, hidratar a pele 100 mil vezes ao dia, disfarçar...é a nossa rotina, a minha, a dele e devemos ter historias para contar.
Só ele sabe. Só eu sei.
Não é um drama. E embora eu deseje muito me ver livre desse mal, não é um drama, não me impede de nada, não compromete minha beleza embora alguns dias afete minha autoconfiança.É uma doença e só, uma briga do meu ser com o meio ambiente, uma luta de mim comigo mesmo, com minhas emoções...algo que me incomoda, mas não me limita...não mesmo.
Por ele, não é paixão, é empatia, é querer saber como ele lida, é contar como eu lido. Mas ainda é tabu entre a gente. Por enquanto fazemos de conta que não notamos, agimos como os "normais". Ele faz de conta que não enxerga em mim. Eu faço de conta que não enxergo nele.
Outro dia ele pegou na minha mão, um movimento natural para me demonstrar um gesto e foi engraçado ver (pela primeira vez) duas mãos inflamadas (pelo mesmo motivo), juntas...e acho que foi uma das raras vezes que não tinha alguem com medo daquilo ser contagioso.
Vamos seguindo...cada qual com sua doença auto-imune de proliferação cutanea desencandeada pela emoção...olha como a vida nos faz de bobo: desencadeada pela emoção. Bom frisar que as emoções que ele anda desencadeando não são bem as que desencadeiam a doença ;-)
Mas emoções define tudo.

5 comentários:

Karine disse...

hmmmmmmmmmmmmmmm
simpatia! gostei do novo nome que se dá a esse fenômeno que já, já vai render muita história por aqui.

Agora, conte-me, linda Carol: o que você tem na mão? Em algum post você já mencionou uma reação que te dá na mão por conta de fortes emoções. Como se chama? Você poderia fazer um post sobre isso?

Um beijo, minha querida amiga! Te adoro muito e torço por essa... digamos, simpatia!!! :)

Van disse...

Carolzita, é tão bonitinho ver você falando de emoções... mesmo que seja através de uma mão inflamada :-)
E eu AMO Frejat :~

Jaque Gonchoroski disse...

Carol, sou movida pela emoção... E isso é tão bom!

As vezes elas adormecem, ficam ausentes por um tempo, mas com um simples toque de mãos elas acordam. E não faz diferença se tem o nome dele em sua agenda com corações, mas é inevitável perceber que isso não é preciso ;)

Beijoo

Dry Santos disse...

Flor, adoro Frejat :)
Hum, um novo sentimento no ar... Essa simpatia faz bem, né?!
Fiquei preocupada com o que falaste sobre a mão, o que é, querida?

Beijinhos e uma ótima quinta com essa simpatia ;)

Lulu on the sky disse...

Adoro a voz do Frejat, é aquela coisa que te envolve de tal forma...
Big Beijos